segunda-feira, 11 de abril de 2011

relato do parto da Naná de Castro

Parto é sinônimo de coisa difícil de fazer. Mas a minha tranquilidade
durante toda a gestação que culminou na minha tranquilidade pra esse
momento não tem nada a ver com qualquer tipo de medo ou fragilidade
pra lidar com ele. A dor que eu senti, que era a minha única ressalva
com a casa de parto (não ter a possibilidade de anestesia) dois dias
antes foi totalmente aceita como parte do processo: dor não é
sofrimento. E eu não sofri, em nenhum momento. Houve horas em que eu
achei que não podia aguentar se durasse muito mais, que não teria
forças, mas a respiração sempre me trouxe de volta. Pensar que eu
tinha que dar o máximo de oxigênio pro meu filho, que estava em
situação mais difícil de lidar que a minha, me deixava completamente
presente, como pouquíssimas vezes estive.
Além da respiração, secundariamente foram as músicas, a água quente e
as mãos das pessoas que estavam em volta pra segurar a minha os
fatores que me trouxeram força e presença. Coincidência ou não, toda a
minha família próxima - pai, mãe e irmãos - fez parte do TP, e meus
pais do momento da expulsão, o que foi muito simbólico e emocionante.
Meu pai ter cortado o cordão umbilical foi coisa que nunca vou
esquecer (mesmo eu, tão esquecida que sou).
As duas pessoas da casa de parto que auxiliaram esse momento, a
Larissa e a Teresa, foram perfeitas. A Larissa é enfermeira obstetra e
a Teresa auxiliar de enfermagem, mas nada disso era mais importante
que a experiência delas e, principalmente, a sensibilidade. Não sei se
é conveniente homens fazerem esse trabalho... Eu não escolheria um
homem para um próximo parto. O ambiente, oposto ao de um hospital
frio, era simples e acolhedor, como uma casa deve ser. Isso tudo
possibilitou minha entrega, assim como o incentivo constante a minha
movimentação. Fiquei em posições variadas o tempo inteiro, abusei da
bola de pilates e do chuveiro e, ao final de 9 horas e meia (7 delas
na casa de parto), o Rudá nasceu. Inteirinho lindo, perfeito, com
todos os dedos das mãos e dos pés, dedos enormes, um chorinho
tranqüilo e a pele mais gostosa do mundo, que logo foi colocada junto
a minha, ainda com o cordão nos unindo. Não existe nada parecido, eu
não podia calcular como é maravilhosa a sensação.
Depois que o cordão parou de pulsar e foi cortado, levaram ele pra ser
limpo do sangue e pra procedimentos básicos (felizmente só os
básicos), e meus pais foram juntos, ficando eu sozinha e exausta, mas
absolutamente feliz e tranquila, só sentindo a falta do meu neném em
mim.
A segunda emoção inesquecível depois de ele ser colocado em cima de
mim foi a primeira amamentação. Até hoje alguns dias depois do
nascimento, ainda sinto uma felicidade indescritível em amamentar, e
fico feliz que meu leite esteja farto e bom pro meu filho, que já
ganhou bastante peso e segue sendo o ser mais tranquilo e maravilhoso
que eu já abracei. Cada sorriso dele faz o meu dia, e as noites
bagunçadas de sono não me incomodam se eu puder ficar acordada olhando
nos olhos dele.

Trabalho de parto ativo
Duração: 10 horas, do início das contrações até a saída da placenta
Local: Casa do Parto de Sapopemba (R. São José das Espinharas, 400 – SP)
Início das contrações: 4h20
7h30- Chegada na Casa de Parto, leve descolamento da bolsa pela enfermeira Rose
10h - Rompimento artificial da bolsa, nesse momento 8 dedos de dilatação
13h20 – Início do período expulsivo, parte no chuveiro, reclinada e de
cócoras, parte do encaixe e descida final na maca especial, necessária
pequena episiotomia (não é rotina)
14h05 - Nascimento, corte do cordão após ter parado de pulsar pelo meu
pai (avô materno), com o Rudá no meu peito desde o nascimento até esse
momento
14h10 - Rudá é levado para primeira limpeza (superficial), colírio e
injeção de vitamina k
14h15 – Primeira mamada
14h30 – Saída da Placenta

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